BRASILEIROS NO EXTERIOR: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PATRIMONIAL E SUCESSÓRIO PARA PROTEGER SEUS BENS NO BRASIL
- Dra Andrea Zago da Cruz
- 14 de out. de 2024
- 3 min de leitura

Se você é brasileiro e vive no exterior, ou tem dupla nacionalidade, é essencial considerar o planejamento patrimonial e sucessório no Brasil. Como advogada especializada em Direito Internacional de Família, vejo muitas pessoas subestimando a importância desse planejamento, o que pode gerar conflitos e dificuldades para os herdeiros no futuro. O planejamento patrimonial não é apenas sobre proteger bens, mas também sobre garantir que seu patrimônio seja transferido da forma que você deseja, com segurança jurídica, evitando disputas e transtornos.
1. Por que fazer um planejamento patrimonial e sucessório no Brasil?
Mesmo morando fora do país, muitos brasileiros mantêm bens no Brasil, como imóveis, contas bancárias ou investimentos. O fato de residir no exterior não anula os efeitos da legislação brasileira sobre esses bens. No caso de falecimento, a partilha de bens segue as regras do direito sucessório brasileiro, o que pode gerar divergências com as normas do país onde você reside. Um planejamento adequado pode evitar conflitos legais e garantir que seus desejos sejam respeitados.
Além disso, muitos países têm tratados de cooperação internacional com o Brasil em matéria de herança, mas os processos podem ser longos e burocráticos, especialmente se não houver um planejamento prévio.
2. Como funciona o planejamento sucessório para brasileiros no exterior?
O primeiro passo é compreender que, independentemente de onde você resida, o Brasil tem leis específicas sobre sucessão. O Código Civil brasileiro estabelece que metade do seu patrimônio, no momento da sua morte, deve ser destinada aos herdeiros necessários (filhos, cônjuge ou pais), uma regra chamada "legítima". A outra metade, chamada "parte disponível", você pode dispor como desejar, seja para outros herdeiros ou para terceiros.
Ao planejar sua sucessão, você pode:
Fazer um testamento: Mesmo residindo fora do Brasil, é possível registrar um testamento para definir como os bens no Brasil devem ser partilhados. O testamento permite que você tenha mais controle sobre a parte disponível do patrimônio.
Contratar um seguro de vida ou previdência privada: Essas ferramentas podem ser utilizadas para beneficiar diretamente seus herdeiros, independentemente da divisão tradicional dos bens.
Doação em vida: Também é possível doar bens aos herdeiros enquanto ainda estiver vivo, respeitando os limites legais, o que pode ajudar a reduzir o inventário no futuro.
3. A importância de um testamento para quem vive no exterior
Se você vive fora do Brasil e tem patrimônio em mais de um país, um testamento pode ser essencial. Em muitos casos, um testamento internacional (que segue normas do país onde você reside) pode não ser reconhecido diretamente no Brasil sem a devida homologação, gerando atrasos no processo de partilha de bens.
O ideal é que, além de um testamento no exterior, você registre um testamento específico para os bens que possui no Brasil, seguindo a legislação brasileira. Assim, você facilita a vida dos herdeiros, evita conflitos legais e garante que o processo sucessório ocorra de forma mais rápida e eficiente.
4. Regime de bens e impacto na sucessão
Outro ponto importante para quem vive fora do Brasil é o regime de bens escolhido no casamento ou união estável. Em alguns países, os regimes de bens podem ser diferentes dos aplicados no Brasil, o que gera incertezas sobre a partilha de bens em caso de falecimento.
Se você é casado com estrangeiro ou reside fora, é fundamental analisar o impacto do regime de bens na sucessão. Por exemplo, se o casal possui bens no Brasil, é possível que a divisão desses bens seja regida pelas leis brasileiras, e não pelas normas do país onde residem.
5. Evitar a burocracia e proteger seus herdeiros
A falta de planejamento sucessório pode resultar em longos processos de inventário no Brasil, especialmente se você reside no exterior. O inventário internacional pode ser demorado, exigindo cooperação entre diferentes sistemas judiciais, traduções e legalizações de documentos.
Planejar sua sucessão é uma forma de evitar essa burocracia, reduzindo o tempo e os custos do processo, além de garantir que seus herdeiros não enfrentem dificuldades para receber os bens que lhes pertencem.
Conclusão
O planejamento patrimonial e sucessório é essencial para brasileiros que vivem no exterior, principalmente se você mantém bens no Brasil. Com a orientação de um advogado especializado em Direito Internacional de Família, você pode garantir que seus desejos sejam respeitados e que seus herdeiros não enfrentem complicações legais.
Um planejamento adequado oferece mais segurança e tranquilidade, tanto para você quanto para sua família, além de evitar longos processos de inventário e disputas familiares. Não deixe essa questão para depois – quanto antes você fizer o planejamento, mais protegido estará seu patrimônio e seus entes queridos.






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